Elis Regina - FASCINAÇÃO

segunda-feira, 15 de junho de 2020


Lembranças da Caetité dos meus tempos




Num dia de sol qualquer, estava tomando conta do mercadinho da minha mãe e, da porta, apreciava o pouco movimento da cidade. Morávamos na Rua 2 de Julho, a que liga o Mulungu, que era então a entrada oficial de Caetité, à praça da Catedral.
Às vezes passava um ou outro amigo, e trocávamos algumas palavras. Era início da tarde. De repente uma figura diferente apareceu carregando quatro pesadas malas. Devia ter uns 60 anos e se vestia como um padre, só que sua batina era clara, talvez bege, talvez areia... não me lembro bem. Me cumprimentou. Pelas suas feições nórdicas e sotaque, dava para ver que era europeu. Um detalhe chamou minha atenção: sua maneira de carregar as malas. Segurava na alça de duas e caminhava cerca de 20 metros, onde as deixava, e voltava para repetir o processo com as outras. Aquilo me ensinou alguma coisa.
Descobri depois que era um padre e que passaria algum tempo em nossa cidade. Talvez fosse um missionário.
Não me lembro seu nome, mas ainda guardo, após algumas décadas, suas feições cansadas e sua pele branca avermelhada. Mas o que mais ficou foi a lição de como carregar quatro malas ao mesmo tempo.
Assim era a Caetité onde cresci. Uma cidade pequena, onde qualquer novidade era explorada, comentada, contada em prosa e verso. Todos se conheciam, então era muito fácil espalhar as notícias.
Cidade pequena e distante da capital, dos grandes centros... Com diminutas opções de distração, quando chegava um circo ou um parque e se instalava no Mulungu ou na feira velha, todos nos alvoroçávamos e corríamos para ver. Para assistir aos espetáculos ou nos balançarmos nas barcarolas, girarmos nas voltas da Roda Gigante.
Quantos palhaços povoaram minha vida de criança e adolescente? Não sei dizer. Mas alguns marcaram mais que outros, e me lembro de Zé Linguiça, Garrafinha, Marcota e Pichurim... foi deles que guardei o nome e a música da Marieta:
“A Marieta é uma preta bonita
Dessas pretas maciças
De preta chega a lustrar
Quando ela anda balança de popa a proa
Eu conheço é gente boa
Que tem vontade de encostar
Ai Marieta, ai minha preta,
Nem que o diabo arranque o rabo
Eu não deixo a Marieta...”
Outra diversão ocasional era o teatro. Ah! O teatro! Que coisa mais linda era entrar no Teatro Centenário de Caetité, tão saudoso que chega a doer meu coração... era lindo, espaçoso, carismático. Era nosso! Mas... como a maldade humana não tem limites, ele foi demolido por um prefeito. Lamentável assassinato do templo da arte!
Naquele prédio funcionou o teatro e o cinema. Primeiro o de Guilherme de Castro, ousado piloto que, adaptando um motor de um caminhão Chevrolet, conseguiu ali fazer funcionar uma bela sala de espetáculos da Sétima Arte. Vítima de um desastre aéreo, sua viúva assumiu seu lugar, mas, de repente e não mais que, viu seu maquinário atirado à rua pelo então mandatário da cidade, Dr. Ovídio Teixeira, de quem seu marido era inimigo político. Dona Maria Pinho, viúva de Guilherme de Castro e mãe dos seus filhos, mulher guerreira e destemida, arregaçou as mangas, abrigou seu maquinário e construiu um novo prédio na Rua Barão, instalando ali o Cine Vitória, onde mais tarde brilhou o primeiro Cinerama da região.
Naquele recanto era exibido um filme novo a cada dia da semana, sendo que aos domingos eram dois, pois à tarde tinha a famosa matinê das crianças.
E ali todos nós que habitávamos aquela terra abençoada, tivemos momentos dourados e inesquecíveis!
Para fazer concorrência ao Cine Vitória, o velho Zuza, aquele em torno de quem havia uma lenda do “diabinho na garrafa”, alugou o prédio do Teatro Centenário, e ali estabeleceu o “Cine Caetité”, que também nos divertiu por um bom tempo.
Por falar em Seu Zuza, conta a história que ele aprisionou um pequeno Cramulhão numa garrafa (tipo aquelas que aparecem nas histórias dos “gênios” orientais) e que era o dito cujo que o fazia tão rico.  E isso deve ter chegado aos ouvidos de um escritor de novelas, que escreveu o folhetim global “Paraiso”, exibido em 1982, onde Cláudio Correia e Castro incorporava um rico fazendeiro que tinha o capetinha na garrafa.
Há muito o que contar, mas isso deve ser feito aos poucos. São lembranças que ficaram em nós como marcas de uma vida bem vivida, onde conhecemos a essência da felicidade e magia de uma terra única para nossos sonhos. Há histórias e estórias. Há pessoas que nos marcaram de alguma forma, há as que ficaram no meio do caminho, as que ainda estão perto de nós. E aquelas que já se foram. Mas o que nos marcou de verdade, o que nos ensinou alguma coisa, fica e ficará para sempre.
Aquela menina da 2 de Julho sente saudades sim, mas nunca foi saudosista. Sente saudades do que valeu a pena, do que a ensinou e a fez crescer. Saudades daquilo que acreditou, apostou e seguiu em frente com seu exemplo. Essa menina hoje é uma contadora de causos. E aqui deixa uma palavra de fé, pois o que aprendeu naquela terra onde nasceu, seguirá em seu coração e sua memória até o final.
Esta é a magia de ser Caetité!
Luzmar Oliveira – 15jun2020




domingo, 5 de agosto de 2018

LEMBRANÇAS FELIZES




Acordei hoje com uma saudade gostosa, daquelas que não nos fazem sofrer e nem trazem qualquer tipo de arrependimento. Saudades do que vivi e do que valeu a pena ter vivido. Saudades daquela casa na Rua Dois de Julho, onde passei minha meninice e adolescência... onde acordei tantas e tantas vezes, com o cheirinho de café quentinho e chimango passado. Onde abria a janela e enxergava o enorme quintal da nossa casa, que mais parecia um sítio de tão grande que era, e com tantas frutas e hortaliças que enchia nossos olhos de prazer e fome.

Hoje acordei me lembrando da voz da minha mãe, que do pé da escada, me chamava dizendo que se não me apressasse, perderia a primeira aula. E rapidinho me banhava, vestia a farda e descia para fazer a primeira refeição do dia em família. A família, tão enorme, naqueles tempos se reduziu a nos três: meu pai, minha mãe e eu, caçula de nove filhos. Os outros estavam casados. Um já havia desencarnado. E Fiim, embora ainda solteiro, estava numa boleia de caminhão rodando o Mundo.

Como sempre no mês de agosto, o frio da minha terra costumava ir-se retirando aos poucos. Pela manhã o sol aparecia ainda meio tímido, aumentando seu brilho e calor no decorrer do dia. Mas as noites continuavam frias. Aos domingos costumávamos, católicos que éramos, ir à missa logo cedo. Depois era aproveitar o dia. Papinhos com os amigos e almoço em família. E eu, formiguinha assumida, comia rapidinho para mergulhar nas deliciosas sobremesas, que eram sempre fartas e diversas em nossa casa! Ah! Como foi bom viver tudo aquilo e hoje ter o que recordar! Meu pai à cabeceira da mesa e a família ao redor. Ele começava a se servir, para depois nós o fazermos. Havia respeito e disciplina. Mas nada era forçado e nem desagradável, era prazeroso até. Fomos educados para sermos educados. Para termos respeito pelos mais velhos. Para obedecermos aos nossos pais e mestres. E éramos felizes assim. A reciprocidade desse amor nos acolhia e nos sentíamos protegidos.

À tarde as crianças podiam optar pelas matinês do Cine Vitória ou do Cine Caetité. E à noite as jovens e adultas passeavam de braços dados, enquanto os rapazes, aos grupos, se postavam nos recostos dos bancos, ou ficavam de pé observando e paquerando. Os namorados se abraçavam nos bancos na parte mais baixa do jardim. Alguns preferiam ir ao cinema. Outros ligavam a vitrola na sala de casa e, convidando amigos, dançavam alegremente. Quase ninguém bebia mas, mesmo de “cara limpa”, a alegria reinava solta! E a gente sabia curtir de verdade aqueles momentos.

Tudo que a gente realmente tinha obrigação de fazer, era tirar boas notas, passar de ano e ajudar nas pequenas tarefas domésticas. Tudo o mais era com nossos pais. E eles faziam questão absoluta de dar seu exemplo!

Éramos então uma comunidade pequena. Ruas antigas e estreitas, pouco movimento, poucas distrações, mas um povo orgulhoso da sua origem. Uma cidadezinha do sertão onde a Educação brilhava, sendo polo de referência em todo o Estado da Bahia. Por ali circulavam estudantes vindos de muitas cidades, às vezes distantes, que buscavam seu diploma de professor primário. Que cursavam o Científico, na intenção de prestar um vestibular na capital e ter uma profissão de médico, engenheiro, advogado... e tantas outras sonhadas então. Muitas famílias se mudavam para estar perto dos seus filhos estudantes, alugando casas para formar pensionatos. E os sonhos se espalhavam! A cidade das tradições, o Baronato remanescente do Império, era então uma cidade de jovens guerreiros que buscavam um futuro melhor. E a Vila Nova do Príncipe era um ninho acolhedor! Seus moradores casuais acabavam apaixonando-se pela sua água e clima, pelos seus moradores... e tornavam-se caetiteenses de corpo e alma. Como o são até hoje.

Com o zunido dos carros de bois, o gosto das tangerinas da feira, o sabor açucarado do mel de engenho e suas rapaduras maravilhosas, o suco da manga madura escorrendo pelo canto da boca, as negras e deliciosas jabuticabas buscadas nos pés, as melancias com sua vermelhidão deliciosa, o quebrar dos coquinhos Licuri com uma pedra ou o colar deles sequinhos, comprados na feira, a magia dos pés de umbu, as mangabas colhidas na Passagem da Pedra... são recordações saborosas que só acrescentam poesia e alegria às nossas reminiscências! Lembranças de tudo que valeu a pena ter vivido! Acréscimos à nossa história, histórias para contar, contos a escrever, escritas que dividimos com os amigos que sentem a mesma saudade que nós.

Não é saudosismo, pois não estamos presos na gaiola do passado. É saudade! É lembrança! É saber que valeu a pena cada noite mal dormida estudando. É ter a certeza de que estivemos no caminho certo, que tivemos uma família que nos colocou na estrada do bem, que namoramos no tempo de namorar e fomos muito felizes. E de que fizemos amizades que, tanto tempo depois, ainda conservamos e nos juntamos para celebrar.

E estas lembranças tornam-nos a vida mais feliz. Podemos dividi-las com filhos e netos. Podemos dividi-las com o Mundo inteiro! Podemos até eterniza-las em livros que, quando voltarmos para o nosso verdadeiro lar, nos farão eternos, imortais!

Luzmar Oliveira

Salvador, 05ago18

sábado, 25 de novembro de 2017


Mestre Saint Germain

O Mestre Saint Germain, é um dos mestres da Grande Fraternidade Branca.
Rege o sétimo raio e suas principais qualidades são: Liberdade, Organização, Limpeza e Transmutação das energias e do carma, através do uso da chama violeta. Está ligado à tecnologia e ao processo de distribuição da mesma. A chama violeta tem a função de limpar nossos carmas e dores, e a aplicação diária da mesma faz com que sigamos o caminho correto que nos foi determinado em missão. Após uso constante, as mudanças são visíveis no mundo da matéria.



INVOCAÇÃO À CHAMA VIOLETA

Três vezes ao dia, sem horário específico (ou sempre que sentir necessidade), faça a seguinte invocação.

"EM NOME DA MINHA AMADA PRESENÇA DIVINA,

EU SOU A CHAMA VIOLETA,

MISERICÓRDIA DIVINA.

FLAMEJAI, FLAMEJAI, FLAMEJAI.

PURIFICAI, PURIFICAI, PURIFICAI.

TRANSMUTAI, TRANSMUTAI, TRANSMUTAI."

Queime, ó Fogo Sagrado, doenças, tristezas, perigos, desavenças, perturbações espirituais (peça aqui o que você deseja transmutar), trazendo PAZ, AMOR, PROSPERIDADE , HARMONIA (peça aqui o que você precisa).
***

Procure visualizar e sentir uma grande Chama Violeta envolvendo a pessoa ou aquilo para o qual está sendo invocada essa força., de preferência em uma forma espiral que vem dos pés até a cabeça.
A Chama Violeta é o Fogo Sagrado da misericórdia, liberdade, transmutação e purificação.
Peça ao Mestre Saint Germain, acreditando que todos os obstáculos, dificuldades e doenças estão sendo eliminados.
Agradeça em seguida, com a certeza de estar sendo atendido.
Repita esse procedimento durante sete dias seguidos, ou sempre que necessário.
Se desejar, deixe sempre uma Chama Violeta acesa em sua casa.

LUZ E PAZ!

sábado, 2 de setembro de 2017

TAL É A LEI DO UNIVERSO





Às vezes passamos anos observando a dor das pessoas. Ouvindo, nas mediúnicas, os testemunhos de espíritos que, equivocados no orgulho e falta de perdão, na empáfia, ainda sofrem as consequências dos seus atos. Mas não aprendemos. E empinamos nosso nariz, e acusamos o outro pela nossa dor.
Somos a consequência dos nossos erros e acertos. Ninguém é vítima, ninguém é algoz do outro. As aparências se enganam sim. Se somos vítimas, o somos de nós mesmos, da nossa incapacidade de dar, de amar, de soltar aquilo que achamos que possuímos. Se somos algozes, também o somos de nós mesmos, pois não temos a compreensão do perdão.  E nos punimos, embora imputemos a culpa no outro.
Na escola, só passamos de ano quando aprendemos a responder corretamente as perguntas que constam nas provas. Na vida, só passamos para uma nova etapa, quando aprendemos as lições que viemos aprender. É lei. E repito: Não há vítimas e nem algozes, há a lei do “plantou/colheu”. Tudo é questão de merecimento. Nessa lei não há apadrinhamento, não há corrupção, não há dinheiro que pague a promoção. Evoluir espiritualmente é como moer cana, e colher na dor das moendas que amassam nosso caule, o mel da garapa. Sim, a cana precisa de esfacelada para dar o seu caldo generoso e doce. Assim somos nós. Mas não precisa ser com sofrimento. Pode ser com carinho. Isso somos nós que escolhemos.
É tempo de abrir nossos olhos e seguirmos em frente optando pelo amor, pelo desapego, pela paz. Vamos ajudar a quem precisa, começando por nós mesmos. Por quem está ao nosso lado, por nossa família. Pelos colegas e amigos. Por aqueles que acreditaram em nós. Vamos jogar fora o orgulho, a arrogância, a empáfia. Vamos amar, pois o poeta foi muito feliz ao criar a frase “só o amor constrói”! Só ele pode modificar o mundo, o Planeta Azul que agoniza nas mãos de cirurgiões cruéis que o destroem pela ambição exacerbada, pela ganância, pela sede do poder e do vil metal. Pela derrubada de árvores e destruição da Mãe Natureza. Pela poluição que mata.
Vamos crescer enquanto é tempo, pois o tempo urge. Amanhã pode ser tarde demais. O poder acaba, o dinheiro não compra vida, o corpo envelhece queiramos ou não. E nada é eterno. Daqui só segue conosco as nossas obras. Se foram boas, se fomos honestos e bons, teremos um novo mundo do outro lado, onde poderemos ter paz. Se tivermos, porém, plantado espinhos aqui, certamente só teremos espinhos para colher. Tal é a lei.
Luzmar Oliveira.
02set17




terça-feira, 22 de agosto de 2017

TAXISTA OU TAXICEIRO? VOU DE UBER!



Cansada de ver o que os taxis fazem no trânsito. Hoje tomei duas “fechadas” de um... e o dia mal começou!
Se estão sem passageiros, se arrastam e atrapalham o fluxo dos demais veículos. Estando ocupados, fazem zigue-zague, costuram, fecham, furam... E, para pegar ou largar passageiro, param em qualquer lugar, de qualquer jeito.
Educação? Só os taxistas às vezes a têm. Assim como limpeza do veículo e das próprias roupas, bom gosto musical, ar condicionado, educação no trânsito...
Já os taxeiros são o oposto: Mal vestidos, mal cheirosos, linguajar chulo, músicas bregas, vidros abertos para economizar, carros sujos, falta total de educação no trânsito, impaciência e grossura. Desses quero distância! Eles se esquecem de que o passageiro paga o seu serviço, que a rua é pública, que os demais carros que andam naquelas vias também pagam seus impostos e tem seus direitos... E que há normas no trânsito, como lugar de parar, ultrapassagem etc.
Na verdade, classifico os taxeiros como similares à maioria dos motoristas de ônibus urbano: Desrespeitosos e mal educados. E a alguns dos transportes escolar... indisciplinados e “donos da rua”!
Mas é claro que toda regra tem exceção! Os Taxistas são solidários e, no caso de um carro qualquer quebrar na via pública, são os primeiros a prestar socorro.  Também eles são gentis a ponto de pegar a bagagem do passageiro, de auxilia-lo na subida e descida do veículo, consultam-no na escolha de usar o ar condicionado, na música que desejam ouvir e até, vez por outra, oferecem uma revista ou jornal. Mas isso é tão raro!
Hoje eu faço minhas escolhas e, se preciso deixar o carro em casa, opto por um UBER. Chamada pelo aplicativo no celular, vem com informações detalhadas, minutos que faltam para chegar, previsão do valor da corrida, placa do veículo, nome e foto do motorista e, normalmente são limpos, educados, gentis, cuidadosos, carros novos ou semi novos, asseados... outro nível! E é muito mais barato!  Meus aplausos para todos que usei até hoje.

Luzmar Oliveira – Salvador – Bahia – 05jul17